Amar não é para os fracos!
Amar não é para “amadores”. Precisa ser “profissional” pra se render ao amor. Não é pros frágeis. Pros que se escondem atrás de escudos narcísicos e precisam sempre ser exaltados, admirados. Pros que tem medo de serem abandonados. É pra quem topa se desnudar diante do outro. Amar é ter coragem de escancarar nossa fragilidade e vulnerabilidade, dar o nosso pior e o nosso melhor de bandeja pra alguém, sem ter nenhuma garantia que ele vá conseguir compreender a dimensão disso.
Amar é poder reconhecer defeitos, que muitas vezes foram vividos por nós como qualidades. Fazer mudanças significativas quando entendemos como nossas ações afetam o outro. Abrir mão de certezas e experimentar viver na corda bamba das hipóteses. Não saber sobre o desejo do outro, mas não ter medo de perguntar, de questionar. Amar é encarar desencontros como inerentes aos encontros. É saber dizer adeus quando os limites foram atravessados. É perdoar o outro e se perdoar, mesmo se houverem finais não sonhados. Precisa ter muita coragem pra amar. Precisa ter entrega, precisa cair e levantar quantas vezes forem necessárias.
Amar nos coloca à mercê do outro. É reconhecer, a contragosto, o vínculo de dependência. É lutar arduamente contra essa constatação e perder a batalha. É mudar de prioridade no instante que o outro demanda algo de nós sabendo que nem sempre haverá reciprocidade. A música cantanda por Djavan aponta a direção do amor:
“Teus sinais me confundem da cabeça
aos pés
Mas por dentro eu te devoro
Teu olhar não me diz exato quem tu és
Mesmo assim eu te devoro”
Amar é abrir mão de defesas que protegem do sofrimento. Pra amar, é preciso apostar em recomeços e ter descanço na memória, que teima em lembrar do passado como definitivo: dar chance do outro ser mutável. Não somos, estamos! Amar nos salva de ser o centro do nosso mundo. E nos faz respeitar o mundo ao nosso redor. Amar é poder recomeçar de novo, mesmo quando a decepção e a mágoa nos dilacerou. Porque cada amor é um!